sábado, 11 de setembro de 2010

Para onde vão os amores que foram um dia?


Uma criança desaparece. Estava à guarda do pai. O choque da notícia atira a mãe para um abismo de amnésia. Sem memória, é incapaz de chorar um filho que não sabe que tem. Como podemos continuar a viver se caminhamos vazios. E há um homem que arranja uma amante enquanto visita a mulher no hospital. Ladrões que roubam cinzas de uma morta. Há as maldades desumanas do amor, um sopro pérfido que o diabo sussurra aos ouvidos. Em fundo, a irracional violência do divórcio. A bestialidade das palavras que atiramos uns aos outros como pedras. Uma mulher que espera ainda e sempre, à janela. Porque o coração é um bicho e não ouve. E uma pergunta a que não se ousa responder: Para onde vão os amores que foram um dia?


(Mulher em Branco, de Rodrigo Guedes de Carvalho)


Não voltam nunca mais.

5 comentários:

  1. Este livro tem muito que se lhe diga!
    Beijos*

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  2. Alguns não vão, ficam para sempre...

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  3. Será que se vão ou que os guardamos no escrínio secreto da memória, para o usarmos na hora que melhor nos convém, como um delicado e raro perfume? Quanto ao livro, parece uma excelente sugestão de leitura. Mais uma. Obrigado. Bjs.

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