segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Homenagem a Ricardo Reis

Não creias, Lídia, que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
Oferecendo a flor
Que adiámos colher.

Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita.

Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não-vivido deixa.

Não creias na demora em que te medes.
Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais à frente
Do que o teu próprio passo
Sophia de Mello Breyner Andressen

2 comentários:

  1. Não ando muito na onda da poesia (na vida temos fases), mas, pelo menos, por aqui faço um... refesh ;)

    Bjos

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