("Os Íntimos", de Inês Pedrosa)
Ainda só li as primeiras quatro páginas cinco vezes. Aconselho a atreverem-se. O pensamento continuava lá e iluminava a casa, o quarto, os livros, os poemas que tinha gravado na porta, a rua, o passeio, o gosto do café, a água, os amigos, os olhos.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Obrigada, E.
"A minha vida ficou decidida no instante em que salvei uma mulher das ondas do mar. A acção heróica completa: agarrei num mergulho o corpo inerte, trouxe-o para a praia, fiz-lhe respiração boca-a-boca e assisti ao seu regresso à vida. Quando os primeiros socorros chegaram já estava tudo resolvido. E eu sabia duas coisas: em primeiro lugar, que queria ser médico. Em segundo, que os seus seios arfantes de uma mulher eram um excessivo substituto do paraíso. Mais tarde perceberia que tudo cansa, a salvação ou o paraíso. Tudo se repete. A vida dura cada vez mais tempo, as coisas repetem-se, matemáticas. Quanto mais evidente se torna a repetição, maior se torna a aceleração. A repetição torna-se epidemia, a epidemia instala o pânico e a velocidade. Mais do mesmo, cada vez mais depressa. Se as pudermos agarrar. Se nos encontrarmos nisso ao ponto de encontrar-mos um domicílio fixo para elas. As coisas que ninguém fala, as coisas sem valor. A cabeça de Ana Lúcia movimentando-se sobre o meu colo, por exemplo. (...)"
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Isto é que é uma leitora, eu já fui, agora viciei-me em virtual lol
ResponderEliminarUma coisa não impede a outra. :p
ResponderEliminarBeijos e bom fim de semana
O meu próximo livro, fiquei convencido. Desde "Fazes-me Falta" que sou fã da Inês.
ResponderEliminarJá li! É a Inês a Pedrosa. Acho que já disse tudo. ;) É é muito forte para quem não está ligado ao estilo dela.
ResponderEliminarBeijos